
Uma experiência de amor e resiliência
O Covid-19 chegou a uma das nossas valências, ensinando-nos muito mais do que alguma vez pensámos
Breve retrato da nossa experiência em confinamento
Parecia um dia normal de trabalho. Saímos de casa, dissemos até logo à nossa família, certos de que ao jantar nos voltaríamos a encontrar. E, de repente, uma mensagem mudou o nosso dia. Aconteceu o que não queríamos e soubemos ter um caso positivo de Covid-19 numa das nossas valências. Os primeiros sentimentos foram ansiedade e medo. Pelos meninos, pelas nossas famílias, por nós próprios. Mas, quando chega a altura de tomar uma decisão, há uma força maior que se sobrepõe a todos as dúvidas: o amor. Um trabalho destes não se consegue fazer da mesma forma sem muito amor. É nestes momentos que descobrimos que somos muito mais fortes e resilientes do que pensamos. É nestes acasos da vida que nos superamos. Os nossos meninos foram uns verdadeiros heróis, aguentaram 20 dias isolados em quartos, sem o carinho do toque que tantas vezes procuram, as saídas do verão e tudo o que sonhavam fazer nesses dias. E, de cada vez que nos sentíamos a fraquejar entre mudanças de EPI’s, entrega de refeições e as saudades dos que nos são queridos, olhávamos para a resiliência destes meninos. E, de repente, voltava a força necessária, riamos e cantávamos, dançávamos, fazendo desta experiência a mais divertida possível. Há coisas que nós não conseguimos controlar, mas podemos escolher como as enfrentar. Rir e amar. Não é tudo mais fácil quando escolhemos as armas certas? Um dos nossos meninos, o R., transmitiu um pouco do que sentimos, ao escrever: “neste período fiquei infeliz e também feliz, infeliz porque estive em isolamento e feliz porque os monitores nos deram tanto carinho e comemos duas vezes McDonalds”. E faço nossas as palavras da jovem N., que escreveu “Eu quero que este isolamento passe rápido para voltar a ficar com as outras crianças e monitores”. Queremos todos nós e vamos conseguir!
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